O vírus da gripe aviária do subtipo H5N1 é altamente patogênico em aves, todavia, desde 2003, casos coicidentes em humanos levantaram suspeitas sobre o enfrentamento de uma pandemia da gripe causada pelo H5N1 [1].
Conforme os relatórios da Organização Mundial da Saúde, até janeiro de 2007, cerca de 270 casos de infecções por H5N1 foram notificados, sendo que 164 desses casos foram fatais [1].
Um estudo de 2007 apontou que, para causar uma pandemia, o vírus H5N1, precisaria adquirir mutações para conseguir se transmitir entre os humanos. Dessa forma, isso seria possível caso o vírus sofra rearranjo genético, trocando genes com vírus da gripe humana circulantes com a proteína H5 HA (hemaglutinina H5), proteína à qual os seres humanos não possuem imunidade [1].
Surtos identificados em 2020 de mortes de aves domésticas foram relacionados à gripe aviária do clado 2.3.4.4b, se tornando um grande risco para populações de aves e vida selvagem e se tornando um possível risco potencial à saúde humana. Isso porque, o clado 2.3.4.4b possuí uma capacidade notável de disseminação geográfica e adaptação do hospedeiro.
O clado 2.3.4.4b tem sido responsável por infectar aves selvagens e mamíferos terrestres selvagens, como raposas, gambás, ursos, linces e guaxinins. E as aves possuem um papel importante na disseminação do vírus, já que conseguem se transportar por longas distâncias [2].
A partir de fevereiro e março de 2024, síndromes do gado leiteiro começaram a surgir no Texas, Kansas e Novo México (Estados Unidos), onde a morte de pássaros selvagens e gatos domésticos começaram a ser observados ao redor das fazendas no Texas [2].
Nesse período, o clado 2.3.4.4b H5N1 foi identificado no gado leiteiro, aves selvagens e gatos domésticos e o primeiro caso em humano no Texas também foi confirmado [2].
Recentemente, entre janeiro e fevereiro de 2025, a mídia começou a noticiar casos de gripe aviária em Nevada (Estados Unidos) e em fevereiro foi confirmado o primeiro caso em humano na cidade. Segundo fontes não oficiais, o homem apresentava vermelhidão nos olhos.
Sinais
A conjuntivite é considerada um dos sinais clínicos mais importantes para a suspeita de casos de gripe aviária em humanos, isso porque se tornou a queixa mais relatada pelas pessoas infectadas pelo H5N1.[3]
Essa inflamação nos olhos pode ser explicada porque o receptor de entrada de muitos dos vírus de Influenza A é o ácido siálico (SA) sendo um açúcar terminal comum de glicanos complexos encontrados na superfície das células hospedeiras. O HA se liga aos SAs por meio de seu sítio de ligação ao receptor (RBS), que é altamente adaptado aos SAs α2,3 ou α2,6, com vários contatos importantes de aminoácidos que determinam a especificidade de ligação do SA. Devido a evolução do vírus, as alterações nesses e em outros aminoácidos podem ser cruciais para aumentar a amplitude de ligação do SA ou alternar a preferência do receptor SA (numeração H3).[3]
Os receptores SA ligados a α2,3 estão presentes nas vias aéreas superiores e no trato gastrointestinal de aves. Já nos humanos, estão presentes na córnea e conjuntiva humanas e a distribuição de glicanos explica os casos de conjuntivite grave nos humanos com H5N1.[3]
H5N1 – Outros sintomas
Um estudo conduzido na China com 26 pacientes positivados para H5N1 identificou que, em muitos casos, os pacientes apresentaram [4]:
- Início da doença: febre, tosse [4];
- Achados na admissão: taquipneia e dispneia [4];
- Evolução da doença: tais sintomas evoluíram para pneumonia bilateral [4];
As complicações clínicas observadas foram [4]:
- desconforto respiratório agudo;
- insuficiência cardíaca [4];
- aminotransaminases elevadas [4];
- disfunção renal [4];
Fisioterapia e H5N1
Mesmo com estudos sobre H5N1 sendo feitos há anos, ainda existem poucos estudos relacionando Fisioterapia e H5N1. O que podemos observar é que os profissionais de Fisioterapia desempenham um papel importante, principalmente em casos mais graves que podem gerar complicações respiratórias.
Com técnicas de Fisioterapia Respiratória, o profissional fisioterapeuta pode contribuir com a reabilitação desses pacientes e poderão atender casos graves em unidades intensivas.
Conclusão
No Brasil, casos de H5N1 não foram identificados em animais e em humanos, ou seja, ainda não foram notificados nenhum caso.
A ausência de casos não anula a necessidade de estudos científicos na área, isso porque estudos contribuem para o preparo de profissionais para o enfrentamento de doenças. Dessa forma, se faz necessário realizar estudos e investigar principalmente a contribuição da Fisioterapia em complicações da H5N1.
H5N1: O que fisioterapeutas precisam saber? by Samuel Wesleyy Rocha is licensed under Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International
Referências
[1] Subbarao K, Luke C (2007) H5N1 Viruses and Vaccines. PLoS Pathog 3(3): e40. https://doi.org/10.1371/journal.ppat.0030040
[2] Hu, Xiao. Highly Pathogenic Avian Influenza A (H5N1) clade 2.3.4.4b Virus detected in dairy cattle
[3] Good MR, Suja D, Guthmiller JJ (2025) The sweet side of H5N1 influenza virus infection. PLoS Pathog 21(1): e1012847. https://doi.org/10.1371/journal.ppat.1012847
[4] Yu, Hongjie et al., Clinical Characteristics of 26 Human Cases of Highly Pathogenic Avian Influenza A (H5N1) Virus Infection in China https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0002985
Baixe o arquivo pdf
Clique aqui para baixar.
Uma resposta para “H5N1: O que fisioterapeutas precisam saber?”
[…] leia mais: H5N1: O que fisioterapeutas precisam saber? […]